Guerrilheiros do tempo











Encontram-se por acaso ou de propósito
Pra conversar um pouco, beber juntos
Pra matar a saudade dos velhos tempos
Sorriem ao se darem conta de que
Todos se lembram das mesmas coisas
Choram ao cantar uma velha e nostálgica canção
A cumplicidade entre eles é descomunal
Bebem e sentem a mente transcender
Ora discutem, ora concordam
Todavia sempre com um ar infantil
Como fossem crianças querendo se impor

O tempo pra eles flui como vinho
Quanto mais velhos, melhores
Cada um com a sua história
Com o seu contexto de vida

O tempo passa e eles guerrilham
Alguns ainda trabalham
Outros se aposentaram
Mas eles têm algo em comum
O brilho no olhar é diferente
Contudo a satisfação de estar entre amigos é a mesma

Mesmo quando permanecem em silêncio
Se sentem acompanhados,
Compartilham mesmo assim a saudade,
São amigos e família sem sangue,
Uma espécie de elo entre irmãos postiços...

Que me dá gosto de assistir.

"Eu prefiro ser um bêbado conhecido do que um alcoólatra anônimo"
(frase dita por Cunha, instantes antes da foto, um cliente e amigo muito querido do Bar Caliari)




Comentários

  1. Adorei! As pessoas gostam de criar vínculos, estabelecer uma "turma", gostam de rir e conversar, gostam de beber e cantar, mesmo que seja repetitivo, faz bem pra alma.
    E que bom que olhas pra eles não com olhos críticos, mas com olhos da alma, que vê os seres humanos por debaixo da couraça ou da máscara, através dos risos ou das lágrimas e entende muitas vezes a solidão desses seres humanos.
    O bar é sua pátria, o último reduto contra a solidão, onde ele se unem para combatê-la.

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  2. Oi Viviane, gostei da simplicidade do teu blog. E da autenticidade dos teus relatos. Parabéns pela iniciativa.
    Grande beijo.
    Flavio.

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