Menina trabalhadeira

Ela vende panos
Se chama Gabriela
Tem nove anos
E pensa que já tem dez
Por não saber fazer conta
Não freqüenta a escola
Tem o olhar mais triste e sério que eu já vi
Não o olhar na criança abandonada
Pois tem mãe e vive com ela
Mas o olhar da seriedade
Da frieza que só os adultos possuem
Tem a doçura no palavreado
A simpatia de criança sem amor
Sem lazer
Tem a pureza dos inocentes
A postura de um trabalhador comum
Que anda por entre as ruas
Tentando vender seus panos de pratos
Por um preço baixo
E é só uma criança
De nove anos
Que caminha o dia inteiro sem reclamar
E ainda por cima, trabalha ao chegar em casa,
Cuida dos irmãos menores,
Cozinha
Lava
Vive
Sobrevive
Sonha
E tem esperança, por mais improvável que seja,
Em realizar cada um de seus sonhos...

Criança trabalhadeira
Sonhadora
De olhar triste
De presente cinza
De passado preto e branco
De sonhos coloridos...

Gabriela, nove anos,
vendedora de panos de pratos,
brasileira,
portadora do olhar mais triste que já vi...

Comentários

  1. Pouco observamos, muito menos ajudamos e todos criticam.
    Estender as mãos, ajudar nos arremessa ao prazer a satisfação, nos sentimos perfeitos.
    Mas perfeito mesmo é essa criatura "ceiança", gostei muito abs

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